quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Parabolas

 PARÁBOLAS
 
PORQUE JESUS FALAVA POR PARÁBOLAS
No O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 24: A candeia debaixo do alqueire, subtítulo "porque fala Jesus por Parábolas", Allan Kardec menciona Mateus, 13:10-15: "E chegando-se a ele os discípulos lhe disseram: porque razão Ihes fala tu por parábolas? Ele, respondendo lhe disse: Porque a vós outros é dado saber os mistérios do reino dos Céus, mas a eles não lhe é concebido.( ... ) falo em parábolas, porque eles vendo não vêm, e ouvindo não ouvem, nem entendem".
Na explicitação desse versículo, Allan Kardec ensina que Jesus de Nazaré afirma aos apóstolos que fala por parábolas porque não estavam em condições de compreender certas coisas. Diz textualmente Allan Kardec:
"Pergunta-se que proveito, o povo poderia tirar dessa infinidade de parábolas. Deve notar-se que Jesus só exprimiu em parábolas sobre as questões, de alguma maneira abstratas da sua doutrina.( ... ) Assim devia ser, porque se tratava de regras de conduta, regras que todos deveriam compreender, para poderem observar. Era isso o essencial para a multidão ignorante, sobre outras questões só desenvolvia o seu pensamento para os discípulos. Estando eles mais adiantados, moral e intelectualmente, Jesus podia iniciá-los nos princípios mais abstratos".
Contextualização - Emmanuel, na psicografia de Chico Xavier, pondera sobre a utilização de parábolas por Jesus de Nazaré, explicando inicialmente que "se quisermos preservar a Doutrina Espírita é necessário compreender as suas finalidades. Allan Kardec completa "O Espiritismo, vem atualmente, lançar a luz sobre uma porção de pontos obscuros". Estas considerações nos leva a compreender a função das parábolas (os homens não estão em condições de entender as afirmações). Como sabemos, Jesus de Nazaré falava por meio de parábolas, que eram narrações de forma alegórica, procurando ensinar aos que não compreendem, grandes verdades que diziam respeito ao comportamento moral dos homens e das conseqüências desse comportamento nesta e após a vida física. Desta maneira, Jesus de Nazaré lançou sua sabedoria para todos os lugares e através dos tempos. As narrativas contidas no Evangelho, datadas de há mais de 2000 anos, justamente por serem dirigida, ao homem de todas as épocas e lugares, somente poderia ser expressa através de alegorias. Portanto, utilizando uma linguagem simbólica direta somente os homens de sua época poderiam entendê-las. Portanto, as parábolas consistem na narração alegórica, na qual o conjunto de elementos na parábola evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior, parecendo, desta maneira, efetuar uma curva lançada para o alto, tal como uma curva geométrica.
Não obstante, as parábolas narradas por Jesus de Nazaré, na atualidade, necessitam serem interpretadas sob a visão da realidade atual. De outro lado, muitas delas, se fossem interpretadas literalmente, tal como estão escritas no texto bíblico, tornam-se inelegíveis e absurdas.
Conclusão - Na obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, terceira obra de Allan Kardec, de 1864 contém justamente "a explicação das máxima do Cristo, sua concordância com o Espiritismo e sua aplicação às diversas situações da vida". Daí Allan Kardec estuda e interpreta o Evangelho sempre com o auxilio dos Espíritos superiores e sob a luz dos conhecimentos científicos, filosóficos e, notadamente, religiosas.
E, a partir daí, poder-se á efetuar uma releitura contemporânea do texto básico de Allan Kardec, considerando as inúmeras facetas que suscitam os ensinos de Jesus de Nazaré. Argumentamos que em pleno século 21, em que vivemos, temos num texto evangélico: a transcrição dos evangelistas ou seja, a parábola de Jesus de Nazaré; a explicitação de Allan Kardec sob um texto evangélico e a contextualização, inserida na atualidade deste século 2.
Reflexionamos: Não teria o Mestre tido a intenção de fazer com que os homens, em diversas épocas, puderam pensar? Alem dos ensinamentos contidos no Evangelho? Não teria o Mestre orientado os próprios homens, sob a vida e o mundo? E, daí, elaborar e decidir, utilizando o livre arbítrio, os caminhos a seguir nesta vida material? E ainda mais: Não queria o Mestre, ao falar por meio de parábolas, evitar oferecer receitas prontas, em textos literais, que, infelizmente ocorre em diversas manifestações religiosas? Foi por isto que Allan Kardec, na explicitação das parábolas, disse: "Estando eles (os discípulos do passado, e ousamos acrescentar os novos discípulos) mais adiantados, moral e intelectualmente poderia iniciá-los nos princípios mais abstratos". E foi por isso que Emmanuel, neste sentido de parábola, sinalizou:
"Se quisermos preservar a Doutrina Espírita é necessário compreender-lhes as finalidades de escola", queiram ou não os novos discípulos do Evangelho.
Bibliografia:
A Bíblia Sagrada - Trad. De J.F. de Almeida, soc. Bibl. Do Brasil, Rio de Janeiro, 216 pág 1962
Kardec, Allan O Evangelho Segundo o Espiritismo, Edit, FEB, Rio de Janeiro
Coleção O Reformador, órgão da federação Espírita brasileira;
Coleção dos jornais O Semeador e Jornal Espírita, órgão da federação espírita do Estado de são Paulo (FEESP)
Coleção Dirigente Espírita, órgão Da união das sociedades espíritas do estado de São Paulo (USE-SP)
Dulcídio Dibo - Jornal O Semeador FEESP

Parábola - O Filho Pródigo
“Um certo homem tinha dois filhos;
E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda.
E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente.
E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades.
E, foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos.
E desejava encher seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada.
E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!
Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti;
Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.
E, levantando-se, foi para o seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.
E o filho lhe disse: Pai pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.
Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa o melhor vestido, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés;
E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos; e alegremo-nos;
Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se.
E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças.
E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.
E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo. 
Mas ele se indignou, e não queria entrar. E, saindo o pai, instava com ele.
Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos;
Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou a tua fazenda com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.
E ele disse ao filho: Filho, tu sempre estás comigo e todas as minhas coisas são tuas;
Mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se.”
(Lc, 15: 11 a 32)

 Parábola do Semeador
Quando temos contato com novos conhecimentos e princípios, a primeira atitude é tentar levar estas novidades aos nossos parentes e amigos íntimos. Isto porque gostaríamos que eles sentissem a mesma satisfação que estamos tendo. Porém, muitas vezes nosso próximo não entende os princípios como nós entendemos. Acham-nos irreais, complicados ou bons para ouvir, mas não para praticar.
Isso acaba nos desanimando. Mas há uma passagem evangélica, uma parábola, em que Jesus comenta esta situação e à luz da Doutrina Espírita passaremos a compreender por que isso acontece. Nas parábolas, são contadas histórias, geralmente com personagens típicos do ambiente do contador e ouvinte, com um fundo moral. Jesus utilizava muito deste recurso, pois poucos de sua época tinham a condição de entender o que ele dizia, devido à evolução espiritual deles. Ele mesmo afirma isso em Mateus, capítulo XIII, versículo 13 desta passagem. E existindo diferentes graus de evolução espiritual e de entendimento, cada um enxerga de uma maneira, e mesmo que queiramos fazer com que alguém compreenda algo à força, nossa tentativa será em vão. Tudo tem sua hora. Esta é a lei da natureza.
"Eis que o semeador saiu a semear.
E quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na;
E outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda;
Mas vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz.
E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, e sufocaram-na.
E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça".(Mateus, XIII, 3 a 9)."Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria".(Paulo, II aos Coríntios, IX, 7).

O semeador da parábola é Jesus. As sementes são seus ensinos, os quais são distribuídos ao mundo através das religiões.
A partir daí, o Mestre começa fazer um comparativo na maneira de ver e entender de cada pessoa, demonstrando as nuanças da personalidade humana.
As sementes que caem ao pé do caminho e que são comidas pelas aves do céu antes que nasçam simbolizam aqueles que, mesmo tendo a oportunidade de conhecer a palavra de Deus, não se importam com ela. Estão com o pensamento totalmente voltado para a vida mundana. Tudo que se relaciona a Deus ou à moral cristã é visto com desprezo. Jesus compara as aves aos Espíritos maus que aproveitam as más tendências destes indivíduos para os atormentar e inspirá-los a permanecerem longe do Criador.
Já as sementes que caem em pedregais, nascendo logo devido à pouca profundidade da terra, lembra os que conhecem a palavra de Deus e como que num passe de mágica, maravilham-se. Sua mudança de conduta é instantânea, chegando mesmo a ser radical. Tudo que fazem passa a ser voltado para Deus e qualquer deslize de atitude é um martírio.
Na verdade, retratam os seres que creram, mas não compreenderam os ensinos espirituais. Acreditam estar isentos de qualquer outra dificuldade em suas vidas, por estarem dedicando-se ao extremo no trabalho de Jesus. Porém, a existência não é assim, e logo virão as provas e expiações, necessárias ao nosso aprimoramento moral e intelectual. É o sol da parábola, que queimará aquela planta que cresceu sem que tivesse raízes profundas, ou seja, verdadeiro entendimento da vida e suas leis. A pessoa sente-se injustiçada por Deus, que, segundo ela, deveria evitar-lhe dores e dúvidas. E então, deixa por completo o trabalho espiritual e volta para sua descrença, não compreendendo que a natureza não dá saltos, e toda mudança abrupta tende a levar o ser ao ponto inicial.
A parte que caiu entre os espinhos leva àqueles que até escutam e entendem a palavra de Deus. Porém, os espinhos, que são suas preocupações excessivas com o trabalho material sufocam sua tentativa de entendimento e prática da caridade, afastando-os do conhecimento espiritual.
Finalmente, há a semente que cai em boa terra, cresce e frutifica. São aqueles que, compreendendo que a matéria não é tudo, buscam nos ensinamentos espirituais as respostas às suas dúvidas e o consolo às suas dores, fazendo da prática da caridade um hábito da existência.
Mas alerta Jesus que mesmo entre estes há diferenças de entendimento, pois alguns produzirão mais do que os outros. Caberá a cada homem saber se deverá dar trinta, sessenta ou cem por um. A consciência será seu guia.
Quem tiver ouvido de ouvir, ou seja, condição de entender, que assim o faça.
"Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria".(Paulo, II aos Coríntios, IX, 7).
Lembra Paulo de Tarso que aqueles que têm condições de trabalhar em nome de Jesus, fazendo algo em benefício do próximo, deve fazer de coração, e não por obrigação ou esperando uma troca com Deus. Verdadeiramente tem entendimento e faz parte da terra boa da parábola quem compreende sua função na Terra: Fazer ao próximo o quer que seja feito para si mesmo. Esta é a Lei, disse Jesus.

Parábola do Joio e do Trigo
(Mateus, 13:24-30, 36-43)

Um semeador, durante todo o dia, semeou grãos de trigo no seu campo.

Ao por do sol voltou para casa, cansado, mas feliz por haver realizado sua missão de trabalho. Semeara trigo e estava contente porque aquele trigo seria, em breve, transformado em pão, para alimento de muita gente.

Porém, esse homem tinha um inimigo que invejava suas plantações. O inimigo era mau e queria, a todo custo prejudicar as sementeiras do fazendeiro.

"Que farei?" - pensava o inimigo. E teve a idéia maldosa de semear pequenas pedras no campo de trigo; mas, poderiam ser retiradas e seu ódio não ficaria satisfeito. Resolveu, então, semear joio onde o trigo havia sido semeado. Foi esse o plano maldoso do inimigo do semeador.

O joio é uma planta muito parecida com o trigo, mas, não serve para a alimentação do homem, podendo até envenená-lo. Eis porque o inimigo do fazendeiro quis fazer a mistura do joio com o trigo no campo, visando prejudicar a colheita e causar males aos que se alimentassem do produto daquele campo.

O inimigo fez o que pensou. Durante a noite, enquanto o fazendeiro e seus trabalhadores dormiam, o homem maldoso entrou no campo e semeou joio no meio do trigal. Completada sua obra de ódio e ruindade, ele se retirou, cuidadosamente.


Algum tempo depois, quando as espigas de trigo já surgiam no campo, apareceu também o joio.

Então, os trabalhadores foram dizer ao fazendeiro o que haviam visto no campo:

_ Senhor, não semeaste no campo somente boas sementes? por que, então, está nascendo joio no trigal?

O fazendeiro já havia descoberto tudo e respondeu aos servidores:

_ Foi um inimigo que fez isso...

Os trabalhadores lhe perguntaram:

_ Senhor, querer que vamos, agora mesmo, arrancar o joio?

O senhor , porém, lhes respondeu com uma explicação:

_ Não é possível fazer isso agora. Vocês sabem que o joio é muito parecido com o trigo. Se vocês quiserem arrancar o joio, que foi plantado junto com o bom grão, arrancarão também o trigo, pois as raízes de ambos muitas vezes se entrelaçam. Deixem que cresçam juntos o joio e o trigo. Na época da ceifa, eu direi aos ceifeiros que colham primeiro o joio e o atem em feixes para queimá-lo; e depois juntem o trigo no meu celeiro.

Parábola do Bom Samaritano
“E eis que se levantou um doutor da lei e lhe disse: Mestre, que hei de eu fazer para entrar na posse da vida eterna? Disse-lhe então Jesus: Que é o está escrito na lei? Como a lês tu? Ele, respondendo disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o coração, de toda tua alma, de todas as tuas forças e de todo teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. E Jesus lhe disse: Respondeste bem, faze isso e viverás. Mas ele querendo justificar-se disse a Jesus: E quem é o meu próximo Jesus, prosseguindo lhe disse: Um homem descia de Jerusalém a Jericó e caiu nas mãos dos salteadores, que o despojaram e espancaram e se foram, deixando-o semimorto. Aconteceu que pelo mesmo caminho desceu um sacerdote, que o viu e passou de largo. Do mesmo modo um levita, que também foi ter àquele lugar, viu o homem e passou de largo. Um samaritano, porém, seguindo o seu caminho, veio onde estava o homem e ao vêlo se encheu de compaixão. Aproximou-se dele, pensou-lhe as feridas deitando nelas óleo e vinho, colocou-o sobre a sua alimária e o levou para uma hospedaria, onde cuidou dele. No dia seguinte tirou dois denários e os deu ao hospedeiro, dizendo: Trata desse homem e na minha volta te pagarei tudo quando despenderes a mais. Qual dos três te parece que tinha sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? Respondeu o doutor da lei: O que para com ele usou de misericórdia. Pois vai, disse-lhe Jesus, e faze o mesmo. (Lucas, X; 25 a 37).
As coisas do Espírito, os mistérios de Deus, serão reveladas como disse Jesus, dando graças ao Pai, aos pequeninos e humildes e escondidos aos sábios orgulhosos.
Também disse Jesus: “Amai aos vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem e caluniam”. “Bem-aventurados os humildes de espírito”. “Bem-aventurados os que são misericordiosos”.”Amai ao vosso próximo como a vós mesmos”. “Fazei aos outros como quereríeis que vos fizessem”. “Não julgueis para não serdes julgados, mas julgai-vos a vós mesmos, antes de julgardes aos outros”. “Perdoai sempre”. “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os consomem e os ladrões roubam”. Todas estas coisas o Mestre ensinou, vivendo-as, e muitas mais exemplificou manifestando invariávelmente nos seus ensinos que tudo afinal se pode resumir na caridade e na humildade, virtudes essenciais essas das quais todas as mais decorrem. Viveu-as na plenitude, apregoando-as sem cessar, assim como reprovou o orgulho e o egoísmo.
Jesus não pergunta se tais ou quais formalidades foram preenchidas, ou se estas ou aquelas exterioridades foram observadas, mas deseja saber tão só se a caridade foi exercida para com o próximo. Não indaga da maneira de crer de cada um, nem faz distinção entre o herético, infiel samaritano e o fariseu ortodoxo, mas considera-os todos irmãos; até muito ao contrário, como no caso da parábola que encabeça esta lição, o Mestre coloca o samaritano, considerado como hereje, mas que tem amor ao próximo, acima do judeu ortodoxo e cheio de crença mas a quem falta a caridade.
O que pratica a caridade como Jesus ensinou, com humildade, é manso, benevolente, indulgente e justo ao passo que o orgulho é prepotente, agressivo, intolerante, hipócrita, discutidor e egoísta.

O primeiro, o que pratica a caridade, está no caminho da ascensão, é um evoluído, um unificador e que pertence à direita de Jesus e o segundo, o orgulhoso e egoísta é o rebelde e negador, que ainda não alijou de si mesmo o instinto animal da fera que quer sempre agredir, é separatista e pertence à esquerda de Jesus.
Como vimos, a parábola foi proposta a um doutor da lei, a um judeu da alta sociedade da época que, para tentar ou experimentar o Mestre, inquiriu-o a respeito da vida eterna. Pela resposta universalista do Cristo, podem os inquiridores de todos os tempos verificar que não há exclusivismo, nem privilégios no cumprimento da lei de Deus, bastando somente ter coração, alma e cérebro, isto é, ter amor, porque todo aquele que verdadeiramente ama auxiliará sempre o seu próximo.

INSRUÇÕES / ENSINAMENTOS

O que se deve entender por pobres de espírito
1. Bem-aventurados os pobres de espírito, pois que deles é o reino dos céus. 
(S. MATEUS, cap. V, v. 3.)

2. A incredulidade zombou desta máxima: Bem-aventurados os pobres de espírito, como tem zombado de muitas outras coisas que não compreende. Por pobres de espírito Jesus não entende os baldos de inteligência, mas os humildes, tanto que diz ser para estes o reino dos céus e não para os orgulhosos.
Os homens de saber e de espírito, no entender do mundo, formam geralmente tão alto conceito de si próprios e da sua superioridade, que consideram as coisas divinas como indignas de lhes merecer a atenção. Concentrando sobre si mesmos os seus olhares, eles não os podem elevar até Deus. Essa tendência, de se acreditarem superiores a tudo, muito amiúde os leva a negar aquilo que, estando-lhes acima, os depreciaria, a negar até mesmo a Divindade. Ou, se condescendem em admiti-la, contestam-lhe um dos mais belos atributos: a ação providencial sobre as coisas deste mundo, persuadidos de que eles são suficientes para bem governá-lo. Tomando a inteligência que possuem para medida da inteligência universal, e julgando-se aptos a tudo compreender, não podem crer na possibilidade do que não compreendem. Consideram sem apelação as sentenças que proferem.
Se se recusam a admitir o mundo invisível e uma potência extra-humana, não é que isso lhes esteja fora do alcance; é que o orgulho se lhes revolta à idéia de uma coisa acima da qual não possam colocar-se e que os faria descer do pedestal onde se contemplam. Dai o só terem sorrisos de mofa para tudo o que não pertence ao mundo visível e tangível. Eles se atribuem espírito e saber em tão grande cópia, que não podem crer em coisas, segundo pensam, boas apenas para gente simples, tendo por pobres de espírito os que as tomam a sério.
Entretanto, digam o que disserem, forçoso lhes será entrar, como os outros, nesse mundo invisível de que escarnecem. E lá que os olhos se lhes abrirão e eles reconhecerão o erro em que caíram. Deus, porém, que é justo, não pode receber da mesma forma aquele que lhe desconheceu a majestade e outro que humildemente se lhe submeteu às leis, nem os aquinhoar em partes iguais.
Dizendo que o reino dos céus é dos simples, quis Jesus significar que a ninguém é concedida entrada nesse reino, sem a simplicidade de coração e humildade de espírito; que o ignorante possuidor dessas qualidades será preferido ao sábio que mais crê em si do que em Deus. Em todas as circunstâncias, Jesus põe a humildade na categoria das virtudes que aproximam de Deus e o orgulho entre os vícios que dele afastam a criatura, e isso por uma razão multo natural: a de ser a humildade um ato de submissão a Deus, ao passo que o orgulho é a revolta contra ele. Mais vale, pois, que o homem, para felicidade do seu futuro, seja pobre em espírito, conforme o entende o mundo, e rico em qualidades morais.

Piedade filial
Sabeis os mandamentos: não cometereis adultério; não matareis; não roubareis; não prestareis falso-testemunho; não fareis agravo a ninguém; honrai a vosso pai e a vossa mãe. (S. MARCOS, capítulo X, v. 19; S. LUCAS, cap. XVIII, v. 20; S. MATEUS, cap. XIX, vv. 18 e 19.)

3. O mandamento: "Honrai a vosso pai e a vossa mãe" é um corolário da lei geral de caridade e de amor ao próximo, visto que não pode amar o seu próximo aquele que não ama a seu pai e a sua mãe; mas, o termo honrai encerra um dever a mais para com eles: o da piedade filial. Quis Deus mostrar por essa forma que ao amor se devem juntar o respeito, as atenções, a submissão e a condescendência, o que envolve a obrigação de cumprir-se para com eles, de modo ainda mais rigoroso, tudo o que a caridade ordena relativamente ao próximo em geral. Esse dever se estende naturalmente às pessoas que fazem as vezes de pai e de mãe, as quais tanto maior mérito têm, quanto menos obrigatório é para elas o devotamento. Deus pune sempre com rigor toda violação desse mandamento.
Honrar a seu pai e a sua mãe, não consiste apenas em respeitá-los; é também assisti-los na necessidade; é proporcionar-lhes repouso na velhice; é cercá-los de cuidados como eles fizeram conosco, na infância.
Sobretudo para com os pais sem recursos é que se demonstra a verdadeira piedade filial. Obedecem a esse mandamento os que julgam fazer grande coisa porque dão a seus pais o estritamente necessário para não morrerem de fome, enquanto eles de nada se privam, atirando-os para os cômodos mais ínfimos da casa, apenas por não os deixarem na rua, reservando para si o que há de melhor, de mais confortável? Ainda bem quando não o fazem de má-vontade e não os obrigam a comprar caro o que lhes resta a viver, descarregando sobre eles o peso do governo da casa! Será então aos pais velhos e fracos que cabe servir a filhos jovens e fortes? Ter-lhes-á a mãe vendido o leite, quando os amamentava? Contou porventura suas vigílias, quando eles estavam doentes, os passos que deram para lhes obter o de que necessitavam? Não, os filhos não devem a seus pais pobres só o estritamente necessário, devem-lhes também, na medida do que puderem, os pequenos nadas supérfluos, as solicitudes, os cuidados amáveis, que são apenas o juro do que receberam, o pagamento de uma dívida sagrada. Unicamente essa é a piedade filial grata a Deus.
Ai, pois, daquele que olvida o que deve aos que o ampararam em sua fraqueza, que com a vida material lhe deram a vida moral, que muitas vezes se impuseram duras privações para lhe garantir o bem-estar. Ai do ingrato: será punido com a ingratidão e o abandono; será ferido nas suas mais caras afeições, algumas vezes já na existência atual, mas com certeza noutra, em que sofrerá o que houver feito aos outros.
Alguns pais, é certo, descuram de seus deveres e não são para os filhos o que deviam ser; mas, a Deus é que compete puni-los e não a seus filhos. Não compete a estes censurá-los, porque talvez hajam merecido que aqueles fossem quais se mostram. Se a lei da caridade manda se pague o mal com o bem, se seja indulgente para as imperfeições de outrem, se não diga mal do próximo, se lhe esqueçam e perdoem os agravos, se ame até os inimigos, quão maiores não hão de ser essas obrigações, em se tratando de filhos para com os pais! Devem, pois, os filhos tomar corno regra de conduta para com seus pais todos os preceitos de Jesus concernentes ao próximo e ter presente que todo procedimento censurável, com relação aos estranhos, ainda mais censurável se torna relativamente aos pais; e que o que talvez não passe de simples falta, no primeiro caso, pode ser considerado um crime, no segundo, porque, aqui, à falta de caridade se junta a ingratidão.


O Passado
Muitas pessoas afirmam desejar conhecer suas encarnações anteriores.
Uma boa parte delas espera ter animado importantes personalidades históricas.
Reis e santos, poetas e intelectuais, sumidades as mais diversas não faltam no imaginário dos candidatos à recordação.
Entretanto, é preciso lembrar que a lei do progresso vigora em toda a sua plenitude.
Ela impede o retrocesso moral e intelectual.
As condições sociais podem variar significativamente ao longo dos séculos.
É possível passar-se da extrema riqueza à mais abjeta pobreza, de uma encarnação a outra.
Esse movimento pendular presta-se a viabilizar a realização da justiça Divina.
Mediante ele, o poderoso que elaborou leis iníquas para o povo, posteriormente a elas se submete.
Quem lesou o patrimônio público terá oportunidade de se ressentir da falta de educação e segurança públicas eficientes.
O mau patrão poderá experimentar a condição de empregado oprimido.
Essa oscilação nas condições materiais também auxilia o despertar da sensibilidade.
O homem que olha insensível a dor alheia candidata-se a experimentá-la.
Nem toda dor é uma expiação.
O sofrimento é corolário da imperfeição.
Todo vício, toda insensibilidade, toda rudeza atrai a dor como um remédio necessário.
Somente a perfeição moral e intelectual livra a criatura de experiências dolorosas.
A partir de certo nível de desenvolvimento, o espírito desvincula-se das experiências materiais.
Sem necessidade de vivências terrenas, a elas retorna por espírito de amor e serviço.
Cumprindo missões, dá exemplo de genuína elevação moral e intelectual.
Mas o relevante é que a evolução conquistada jamais é perdida.
Nenhuma alma generosa de repente se torna mesquinha.
O homem intelectualmente superior não perde suas habilidades intelectuais.
Por certo, quem utilizou mal a inteligência pode renascer na condição de idiota.
Ou viver em condições difíceis que não lhe possibilitem adquirir cultura.
Contudo, ordinariamente a alma expressa o seu potencial.
Assim, a criatura pode ter certeza de que se encontra no ápice de sua evolução.
Ninguém jamais foi tão bondoso e inteligente como é hoje.
Esse raciocínio auxilia a perder ilusões quanto ao próprio passado espiritual.
Quem atualmente detesta estudar, certamente nunca foi um intelectual.
O homem egoísta ou fútil de hoje pode ter como certo jamais ter sido um santo, na acepção da palavra.
Raras pessoas têm recordações precisas do que viveram nos séculos precedentes.
Entretanto, se a recordação detalhada não é possível, nem por isso é inviável ter uma noção do que se viveu.
Para ter uma idéia do que se fez, basta analisar as tendências atuais.
E pensar que ocorreu uma melhora, ao longo do tempo.
As suas idéias inatas revelam o seu nível evolutivo e o caminho que você trilhou.
Para se conhecer, preste atenção nos impulsos mais naturais de seu coração.
Caso seu agir e seu sentir instintivos tenham algo de egoísta, insensível ou vulgar, convém refletir sobre isso.
Enquanto não burilar o seu íntimo, você permanecerá tendo experiências dolorosas.
Então, é de seu interesse mais direto modificar o próprio comportamento e livrar-se de velhas fissuras morais.
Afinal, mais importante do que saber o que você já viveu, é garantir que o seu futuro seja pleno de felicidade e bem-estar.
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita

PROGRAMAÇÃO ESPIRITUAL
Antes de renascer na carne, cada Espírito elabora uma programação a cumprir.
Orientado por amorosos e sábios Guias, ele se decide por determinadas vivências.
Esse plano é habitualmente precedido de uma incursão pela memória do candidato à reencarnação.
Salvo o caso de almas muito valorosas, a recordação é algo restrita, a fim de não desequilibrar o Espírito.
É que uma parte muito considerável dos Espíritos cometeu incontáveis equívocos antes de optar pelo bem.
A misericórdia Divina costuma lançar um véu sobre o passado, para permitir o soerguimento do ser.
Mas chega uma hora em que ele já entesourou bastante compreensão da vida e se habituou a perdoar.
Quando a alma se ocupa de amar e esquece de condenar é que pode recordar mais amplamente o que viveu.
A compaixão que aplica naturalmente ao semelhante a credencia a conhecer seu histórico e a perdoar-se também.
Enquanto o amor não domina o ser, este segue tateando em sua evolução.
Mas sempre conta com o apoio de amigos mais evoluídos, que o auxiliam a planejar as futuras vivências.
O livre-arbítrio é costumeiramente respeitado e ninguém se obriga a viver o que não deseja.
O Espírito, por sua conta e risco, pode protelar por um tempo o próprio reajustamento com as leis cósmicas.
Entretanto, não há paz e bem-estar sem consciência tranqüila.
Mais cedo ou mais tarde, ele resolve se dignificar perante os próprios olhos.
O espetáculo da felicidade dos bons Espíritos é um estímulo tentador para quem segue na retaguarda.
Entre permanecer desequilibrado e trabalhar pela própria felicidade, o trabalho parece altamente desejável.
Certa exceção quanto à liberdade na escolha das provas e expiações ocorre no caso de Espíritos muito endurecidos.
Se a liberdade integra a Lei Divina, o mesmo ocorre com o progresso.
Todos os Espíritos devem evoluir para Deus.
Quando conscientes, participam ativamente das decisões sobre o que precisam viver.
É até comum que peçam provas demasiado rudes, no afã de progredir rapidamente.
Então, os amigos espirituais buscam convencê-los a serem mais modestos em sua pretensão.
É melhor avançar mais lentamente do que falir em um projeto grandioso.
Contudo, quando o Espírito é renitente no mal ou um contumaz preguiçoso, pode ser conduzido a uma existência que não deseja.
Seres que enlouqueceram em vivências cruéis ou que perderam o discernimento em rebeldias contra as Leis Divinas são momentaneamente tutelados em seu refazimento.
O ser é tão mais livre quanto mais consciente de seus deveres.
Não ocorreria a nenhum pai deixar a criança decidir se vai ou não para a escola.
Como nenhum pai sensato obrigaria o filho a cursar uma faculdade que detesta.
Em tudo, deve vigorar equilíbrio e respeito a quem tem maturidade para autodeterminar-se.
Assim, com base em liberdade, responsabilidade e conhecimento do passado, são programadas as existências terrenas.
Não se trata de um roteiro minucioso ou de um destino inexorável.
Alguns eventos marcantes são programados, mas a conduta a ser adotada é de inteira responsabilidade do reencarnante.
Este é livre para comportar-se dignamente ou para rebelar-se e fugir ao dever que se apresenta em sua vida.
O relevante é que ninguém é vítima indefesa de forças caprichosas ou arbitrárias.
Em tudo se tem a Justiça Cósmica, que aproveita erros e acertos humanos para conduzir os Espíritos à felicidade.
Pense nisso. 

Redação do Momento Espírita

O Homem de Bem
3 – O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e caridade, na sua maior pureza. Se interroga a sua consciência sobre os próprios atos, pergunta se não violou essa lei, se não cometeu o mal, se fez todo o bem que podia, se não deixou escapar voluntariamente uma ocasião de ser útil, se ninguém tem do que se queixar dele, enfim, se fez aos outros aquilo que queria que os outros fizessem por ele.
Tem fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na sua sabedoria; sabe que nada acontece sem a sua permissão, e submete-se em todas as coisas à sua vontade.
Tem fé no futuro, e por isso coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.
Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções, são provas ou expiações, e as aceita sem murmurar.
O homem possuído pelo sentimento de caridade e de amor ao próximo faz o bem pelo bem, sem esperar recompensa, paga o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte e sacrifica sempre o seu interesse à justiça.
Encontra usa satisfação nos benefícios que distribui, nos serviços que presta, nas venturas que promove, nas lágrimas que faz secar, nas consolações que leva aos aflitos. Seu primeiro impulso é o de pensar nos outros., antes que em si mesmo, de tratar dos interesses dos outros, antes que dos seus. O egoísta, ao contrário, calcula os proveitos e as perdas de cada ação generosa.
É bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças nem de crenças, porque vê todos os homens como irmãos.
Respeita nos outros todas as convicções sinceras, e não lança o anátema aos que não pensam como ele.
Em todas as circunstâncias, a caridade é o seu guia. Considera que aquele que prejudica os outros com palavras maldosas, que fere a suscetibilidade alheia com o seu orgulho e o seu desdém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever do amor ao próximo e não merece a clemência do Senhor.
Não tem ódio nem rancor, nem desejos de vingança. A exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas, e não se lembra senão dos benefícios. Porque sabe que será perdoado, conforme houver perdoado.
É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que ele mesmo tem necessidade de indulgência, e se lembra destas palavras do Cristo: “Aquele que está sem pecado atire a primeira pedra”.
Não se compraz em procurar os defeitos dos outros, nem a pô-los em evidência. Se a necessidade o obriga a isso, procura sempre o bem que pode atenuar o mal.
Estuda as suas próprias imperfeições, e trabalha sem cessar em combatê-las. Todos os seus esforços tendem a permitir-lhe dizer, amanhã, que traz em si alguma coisa melhor do que na véspera.
Não tenta fazer valer o seu espírito, nem os seus talentos, às expensas dos outros. Pelo contrário, aproveita todas as ocasiões para fazer ressaltar a vantagens dos outros.
Não se envaidece em nada com a sua sorte, nem com os seus predicados pessoais, porque sabe que tudo quanto lhe foi dado pode ser retirado.
Usa mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe tratar-se de um depósito, do qual deverá prestar contas, e que o emprego mais prejudicial para si mesmo, que poderá lhes dar, é pô-los ao serviço da satisfação de suas paixões.
Se nas relações sociais, alguns homens se encontram na sua dependência, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus. Usa sua autoridade para erguer-lhes a moral, e não para os esmagar com o seu orgulho, e evita tudo quanto poderia tornar mais penosa a sua posição subalterna.
O subordinado, por sua vez, compreende os deveres da sua posição, e tem o escrúpulo de procurar cumpri-los conscientemente. (Ver cap.XVII, nº 9)
O homem de bem, enfim, respeita nos seus semelhantes todos os direitos que lhes são assegurados pelas leis da natureza, como desejaria que os seus fossem respeitados.
Esta não é a relação completa das qualidades que distinguem o homem de bem, mas quem quer que se esforce para possuí-las, estará no caminho que conduz às demais.

CIÊNCIA E AMOR
"A ciência incha, mas o amor edifica." Paulo. (1 CORINTIOS, 8:1.)
A ciência pode estar cheia de poder, mas só o amor beneficia. A ciência, em todas as épocas, conseguiu inúmeras expressões evolutivas. Vemo-la no mundo, exibindo realizações que pareciam quase inatingíveis. Máquinas enormes cruzam os ares e o fundo dos oceanos. A palavra é transmitida, sem fios, a longas distâncias. A imprensa difunde raciocínios mundiais. Mas, para essa mesma ciência pouco importa que o homem lhe use os frutos para o bem ou para o mal. Não compreende o desinteresse, nem as finalidades santas.
O amor, porém, aproxima-se de seus labores e retifica-os, conferindo-lhe a consciência do bem. Ensina que cada máquina deve servir como utilidade divina, no caminho dos homens para Deus, que somente se deveria transmitir a palavra edificante como dádiva do Altíssimo, que apenas seria justa a publicação dos raciocínios elevados para o esforço redentor das criaturas.
Se a ciência descobre explosivos, esclarece o amor quanto à utilização deles na abertura de estradas que liguem os povos; se a primeira confecciona um livro, ensina o segundo como gravar a verdade consoladora. A ciência pode concretizar muitas obras úteis, mas só o amor institui as obras mais altas. Não duvidamos de que a primeira, bem interpretada, possa dotar o homem de um coração corajoso; entretanto, somente o segundo pode dar um coração iluminado.
O mundo permanece em obscuridade e sofrimento, porque a ciência foi assalariada pelo ódio, que aniquila e perverte, e só alcançará o porto de segurança quando se render plenamente ao amor de Jesus Cristo.

Emmanuel
Do livro: Caminho, Verdade e Vida

O grande educandário
De portas abertas à glória do ensino, a Terra, nas linhas da atividades carnal, é, realmente, um universidade sublime, funcionando, em vários cursos e disciplinas, com dois bilhões de alunos, aproximadamente, matriculados nas várias raças e nações.
Mais de vinte bilhões de almas conscientes, desencarnadas, sem nos reportarmos aos bilhões de inteligências sub-humanas que são aproveitadas nos múltiplos serviços do progresso planetário, cercam o domicílio terrestre, demorando-se noutras faixas de evolução.
Para a maioria dessas criaturas, necessitadas de experiência nova e mais ampla, a reencarnação não é somente um impositivo natural mas também um prêmio pelo ensejo de aprendizagem.
Assim é que, sob a iluminada supervisão das Inteligências Divinas, cada povo, no passado ou no presente, constitui uma seção preparatória da Humanidade, à frente do porvir.
Ontem, aprendíamos a ciência no Egito, a espiritualidade na Índia, o comércio na Fenícia, a revelação em Jerusalém, o direito em Roma e filosofia na Grécia. Hoje, adquirimos a educação na Inglaterra, a arte na Itália, a paciência na China, a técnica industrial na Alemanha, o respeito à liberdade na Suíça e a renovação espiritual nas Américas.
Cada nação possui tarefa especifica no aprimoramento do mundo. E ainda mesmo quando os blocos raciais, em desvairo, se desmandam na guerra, movimentam-se à procura de valores novos no próprio engrandecimento.
Nós círculos do Planeta, vemos as mais primitivas comunidades dirigindo-se para as grandes aquisições culturais.
Se é verdade que a civilização refinada de hoje voa, pelo mundo, contornando-o em algumas horas, caracterizando-se pelos mais altos primores da inteligência, possuímos milhões de irmãos pela forma, infinitamente distantes do mundo moral. Quase nada diferindo dos irracionais, não conseguiram ainda fixar a mínima noção de responsabilidade.
Os anões docos da Abissínia, sem qualquer vestuário e pronunciando gritos estranhos à guisa de linguagem, mais se assemelham aos macacos.
Os nossos irmãos negros de Kytches passam os dias estirados no chão, à espera de ratos com que possam mitigar a própria fome.
Entre grande parte dos africanos orientais, não existe ligação moral entre pais e filhos.
Os Latucas, no interior da África, não conhecem qualquer sentimento de compaixão ou dever.
Remanescentes dos primitivos habitantes das Filipinas erram nas montanhas, à maneira de animais indomesticáveis.
E, não longe de nós, os botocudos, entregues à caça e à pesca, são exemplares terríveis de bruteza e ferocidade.
No imenso educandário, há tarefas múltiplas e urgentes para todos os que aprendem que a vida é movimento, progresso, ascensão.
Na fé religiosa como na administração dos patrimônios públicos, na arte tanto quanto na indústria, nas obras de instrução como nas ciências agrícolas, a individualidade encontra vastíssimo campo de ação, com dilatados recursos de evidenciar-se.
O trabalho é a escada divina de acesso aos lauréis imarcescíveis do espírito.
Ninguém precisa pedir transferência para Júpiter ou Saturno, a fim de colaborar na criação de novos céus. A Terra, nossa casa e nossa oficina, em plena paisagem cósmica, espera por nós, a fim de que a convertamos em glorioso paraíso.

Emmanuel 
Livro “Roteiro”

A caridade material e a caridade moral
Capítulo XIII - Não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita

Instruções dos Espíritos - A caridade material e a caridade moral

9. "Amemo-nos uns aos outros e façamos aos outros o que quereríamos nos fizessem eles." Toda a religião, toda a moral se acham encerradas nestes dois preceitos. Se fossem observados nesse mundo, todos seríeis felizes: não mais aí ódios, nem ressentimentos. Direi ainda: não mais pobreza, porquanto, do supérfluo da mesa de cada rico, muitos pobres se alimentariam e não mais veríeis, nos quarteirões sombrios onde habitei durante a minha última encarnação, pobres mulheres arrastando consigo miseráveis crianças a quem tudo faltava.
Ricos! pensai nisto um pouco. Auxiliai os infelizes o melhor que puderdes. Dai, para que Deus, um dia, vos retribua o bem que houverdes feito, para que tenhais, ao sairdes do vosso invólucro terreno, um cortejo de Espíritos agradecidos, a receber-vos no limiar de um mundo mais ditoso.
Se pudésseis saber da alegria que experimentei ao encontrar no Além aqueles a quem, na minha última existência, me fora dado servir!...
Amai, portanto, o vosso próximo; amai-o como a vós mesmos, pois já sabeis, agora, que, repelindo um desgraçado, estareis, quiçá, afastando de vós um irmão, um pai, um amigo vosso de outrora. Se assim for, de que desespero não vos sentireis presa, ao reconhecê-lo no mundo dos Espíritos!
Desejo compreendais bem o que seja a caridade moral, que todos podem praticar, que nada custa, materialmente falando, porém, que é a mais difícil de exercer-se.
A caridade moral consiste em se suportarem umas às outras as criaturas e é o que menos fazeis nesse mundo inferior, onde vos achais, por agora, encarnados. Grande mérito há, crede-me, em um homem saber calar-se, deixando fale outro mais tolo do que ele. É um gênero de caridade isso. Saber ser surdo quando uma palavra zombeteira se escapa de uma boca habituada a escarnecer; não ver o sorriso de desdém com que vos recebem pessoas que, muitas vezes erradamente, se supõem acima de vós, quando na vida espírita, a única real, estão, não raro, muito abaixo, constitui merecimento, não do ponto de vista da humildade, mas do da caridade, porquanto não dar atenção ao mau proceder de ou trem é caridade moral.
Essa caridade, no entanto, não deve obstar à outra. Tende, porém, cuidado, principalmente em não tratar com desprezo o vosso semelhante. Lembrai-vos de tudo o que já vos tenho dito: Tende presente sempre que, repelindo um pobre, talvez repilais um Espírito que vos foi caro e que, no momento, se encontra em posição inferior à vossa. Encontrei aqui um dos pobres da Terra, a quem, por felicidade, eu pudera auxiliar algumas vezes, e ao qual, a meu turno, tenho agora de implorar auxilio.
Lembrai-vos de que Jesus disse que todos somos irmãos e pensai sempre nisso, antes de repelirdes o leproso ou o mendigo. Adeus: pensai nos que sofrem e orai. Irmã Rosália. (Paris, 1860.)
10. Meus amigos, a muitos dentre vós tenho ouvido dizer: Como hei de fazer caridade, se amiúde nem mesmo do necessário disponho?
Amigos, de mil maneiras se faz a caridade. Podeis fazê-la por pensamentos, por palavras e por ações. Por pensamentos, orando pelos pobres abandonados, que morreram sem se acharem sequer em condições de ver a luz. Uma prece feita de coração os alivia. Por palavras, dando aos vossos companheiros de todos os dias alguns bons conselhos, dizendo aos que o desespero, as privações azedaram o ânimo e levaram a blasfemar do nome do Altíssimo: "Eu era como sois; sofria, sentia-me desgraçado, mas acreditei no Espiritismo e, vede, agora, sou feliz." Aos velhos que vos disserem: "É inútil; estou no fim da minha jornada; morrerei como vivi", dizei: "Deus usa de justiça igual para com todos nós; lembrai-vos dos obreiros da última hora." As crianças já viciadas pelas companhias de que se cercaram e que vão pelo mundo, prestes a sucumbir às más tentações, dizei: "Deus vos vê, meus caros pequenos", e não vos canseis de lhes repetir essas brandas palavras. Elas acabarão por lhes germinar nas inteligências infantis e, em vez de vagabundos, fareis deles homens. Também isso é caridade.
Dizem, outros dentre vós: "Ora! somos tão numerosos na Terra, que Deus não nos pode ver a todos." Escutai bem isto, meus amigos: Quando estais no cume da montanha, não abrangeis com o olhar os bilhões de grãos de areia que a cobrem? Pois bem: do mesmo modo vos vê Deus. Ele vos deixa usar do vosso livre-arbítrio, como vós deixais que esses grãos de areia se movam ao sabor do vento que os dispersa. Apenas, Deus, em sua misericórdia infinita, vos pôs no fundo do coração uma sentinela vigilante, que se chama consciência. Escutai-a, que somente bons conselhos ela vos dará. As vezes, conseguis entorpecê-la, opondo-lhe o espírito do mal. Ela, então, se cala. Mas, ficai certos de que a pobre escorraçada se fará ouvir, logo que lhe deixardes aperceber-se da sombra do remorso. Ouvi-a, interrogai-a e com freqüência vos achareis consolados com o conselho que dela houverdes recebido.
Meus amigos, a cada regimento novo o general entrega um estandarte. Eu vos dou por divisa esta máxima do Cristo: "Amai-vos uns aos outros." Observai esse preceito, reuni-vos todos em torno dessa bandeira e tereis ventura e consolação. - Um Espírito protetor. (Lião, 1860.)

 Recursos mediúnicos
A mediunidade é recurso paranormal inerente a todos os homens. Conquista do Espírito através do tempo, melhor se expressa naqueles que mais facilmente se liberam das constrições do instinto, normalmente predominante em a natureza humana.
Instrumento para o intercâmbio entre as mentes desencarnadas e as criaturas ainda retidas no envoltório físico, varia em sensibilidade de captação e capacidade de filtragem, qual ocorre com as demais faculdades do ser.
Mais aguçada em uns indivíduos do que em outros, surge, espontaneamente, requerendo educação e estudo para atingir a finalidade a que se destina, como o embrião que espera cuidados e atenção para adquirir segurança, a fim de alcançar a meta que o aguarda.
As resistências e valores morais do médium constituem-lhe a garantia indispensável para o ministério a que se propõe.
A queda de água em desalinho produz desastres, enquanto que a canalizada gera força e energia.
A eletricidade, para alcançar o destino que a aguarda, impõe a presença de cabos condutores à altura da sua potência.
A segurança do edifício depende da estrutura na qual se apóia.
A perfeição do equipamento repousa na harmonia e na superior qualidade das suas peças.
A mediunidade, da mesma forma, necessita de vários e indispensáveis requisitos para produzir com segurança e equilíbrio.
***
Há médiuns e médiuns, que enxameiam por toda parte.
Conscientemente ou não, sintonizam, por automatismo ou desejo, com as mentes que lhes são afins.
Porque a população do mundo espiritual seja muito maior do que a do plano físico, os homens sempre se encontram acompanhados por Entidades desencarnadas, consoante os compromissos de outras reencarnações ou as tarefas a que ora se vinculam.
De acordo com a direção mental, as tendências, os hábitos e os interesses humanos, são estabelecidos os vínculos de ligação psíquica e dependência física com os Espíritos.
Como resultado, encontramos os médiuns da insensatez e do crime, como os medianeiros da esperança e da ordem;
os médiuns da perversidade e da alucinacão, como os portadores da bondade e do equilíbrio;
os médiuns dos vícios, escravizados aos tormentos que os ensandecem, assim como os veiculadores da virtude e da previdência;
os médiuns da ignorância e da sombra, mas, igualmente, os mensageiros da luz e do conhecimento;
os médiuns da ira, da calúnia, do ódio, no entanto, outros que o são do amor, da verdade, da paz...
Diferem uns dos outros pelo comportamento a que se entregam, tornando-se, portanto, veículos daqueles com os quais estabelecem ligação.
* * *
Identificando, ou não, a presença de recursos mediúnicos em ti mesmo, recorre à oração nos momentos de difícil decisão ou de testemunho, de trabalho ou de repouso.
Observa-te, tentando conheceres-te em profundidade.
Procura fixar as tuas características pessoais superiores, eliminando aquelas que se te irrompem intempestivamente, como resultado da própria impulsividade ou de inspiração negativa.
Recorda-te da invigilância mediúnica de Pedro, que se deixou vencer pelo medo a ponto de negar o Amigo, e da obsessão em Judas, que o levou a trair o Divino Benfeitor, mantendo-te atento e digno, a fim de que as "forças do mal" não te propilam a situações lamentáveis, de que te arrependerás.

Joanna de Ângelis por: Divaldo Franco
Livro Momentos de Coragem

 
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